O homem de aço por trás da cortina de ferro

Durante anos nos acostumamos com os heróis dos quadrinhos vestindo as cores da bandeira dos EUA. Durante todo o século XX, assim como o cinema e a televisão, vimos os quadrinhos servindo como propaganda de guerra e meio de difusão dos ideais estadosunidenses. Mas e se os heróis estivessem do outro lado? Como seria o mundo em que os super heróis não fossem americanos e ainda por cima fossem comunistas? Em Superman Entre a Foice e o Martelo, o roteirista Mark Millar nos revela a força ideológica do Superman soviético.

Nunca fui fã do Superman, sempre achei um personagem grandioso de mais para desafios muito pequenos, não era capaz de me identificar com um herói com uma vida pessoal tão insignificante, ao contrário de Peter Parker ou, mais recentemente, o Virgil (super choque) que são personagens carismáticos e que vivem problemas reais como eu, Clark Kent sempre foi muito sem graça, apenas uma desculpa para colocar um pouco de humanidade no Superman.

Agora em Entre a Foice e o Martelo Clarck Kent não possui razão de existir, o Superman é o Superman e pronto, ele não se esconde atrás de identidades secretas, ele não vê obstáculos, usa de sua força e inteligência superior para impor seus ideais comunistas. Apesar de ainda carregar seus princípios humanitários, não matar é um exemplo, ele não se importa em ser usado como uma arma, a arma soviética contra o mundo capitalista. E do outro lado, o representante dos ideais capitalistas, o defensor do sonho americano, encontramos ninguém mais ninguém menos que Lex Luthor, genial, determinado... E psicopata.

 Por fim percebi que a história não se tratava do Superman ou Lex Luthor, a história se trata de algo maior, política, ideologia, poder, filosofia! Quem conhece o livro 1984 de George Orwell facilmente consegue traçar um paralelo entre as duas narrativas. E com um final digno de uma grande obra, com certeza esta é a melhor história do Superman que eu conheço.